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Impacto dos investimentos sem correlação no longo prazo

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Sergio Schirato

O cenário do mercado de investimentos tem passado por momentos difíceis. A alta taxa
de juros é fator determinante para desestimular o investidor na tomada de risco. Por esse
motivo, os aportes em renda variável e em fundos de investimento multimercado, por
exemplo, foram penalizados no passado recente, já que as operações de renda fixa –
mesmo as atreladas a baixo nível de risco de crédito – entregaram remuneração bastante
atrativa.
Investir em renda fixa parece a melhor decisão em momentos como esse, e merece uma
porcentagem significativa do portfólio. A recente turbulência no mercado de juros
brasileiro, e o consequente impacto nos títulos indexados à inflação e prefixados, mostra,
mais uma vez, a importância da diversificação. Da mesma maneira, a recente
desvalorização do real reforça a necessidade da exposição a mercados globais. Nesse
sentido, a estratégia mais eficiente tende a ser a alocação em produtos
descorrelacionados, de forma a minimizar as covariâncias das fontes de retorno.
Os fundos de investimento com estratégias quantitativas e sistemáticas são vias
interessantes para a conquista desse objetivo, porque as decisões de investimentos são
tomadas com base em modelos matemáticos que identificam sinais de compra e venda
de ativos e utilizam sistemas para a execução de todas as ordens. Dessa forma, a
gestão dos ativos, e os respectivos retornos, se tornam descorrelacionados do mercado.
Diferente dos fundos tradicionais, em que o gestor ocupa um papel central e usa sua
experiência para tomar as decisões, os quantitativos não contam com subjetividades. As
ferramentas matemáticas são direcionadas pelo critério para o qual foram desenvolvidas,
o que torna o processo isento de opiniões, vieses e até mesmo erros de operação,
tornando também possível a simulação de retornos de uma estratégia ao longo do
tempo, dada a replicabilidade do processo.
Além disso, é possível monitorar diversos ativos ao mesmo tempo, e as operações de
compra e venda podem ser realizadas com uma frequência muito maior. É possível,
inclusive, transacionar centenas de ativos por dia ao redor do mundo.
No entanto, se engana quem pensa que esse perfil de investimento não tem nenhuma
interferência humana. Pelo contrário, para que essas ferramentas tecnológicas sejam
desenvolvidas, é preciso que uma equipe multidisciplinar se debruce em uma extensa
pesquisa de mercado e identifique os padrões de comportamento de cada ativo.
Diversas teses são criadas até que sejam encontradas as soluções que produzem
melhor retorno ajustado ao risco.


Com base nisso, são elaborados os sistemas com algoritmos que indicam como, quando
e no que investir. O controle de risco também está inserido nessa programação, e pode
ser aplicado em diferentes níveis (ativos, estratégias e portfólio, por exemplo) no
processo de construção da carteira. O objetivo final é minimizar o risco sistêmico,
garantir que o risco total esteja distribuído de forma adequada entre os ativos e explorar
riscos relativos, com baixa exposição a índices de mercado.
É interessante aprofundar esse conceito. Os fundos quantitativos usam medidas
convencionais de risco como “value-at-risk” e “drawdown” esperado para avaliação da
carteira. A diferença está na forma como essa informação é processada e utilizada para
“rebalancear” o portfólio de forma sistemática. Por exemplo, se o fundo tem uma política
de risco específica, é possível implementar regras nos sistemas que “rebalanceiam” a
carteira automaticamente sempre que um certo nível de estresse seja atingido.
Portanto, a partir da sistematização, é possível gerar o cruzamento de informações que
identificam tendências menos comuns de serem alcançadas em formatos tradicionais.
Por esse motivo, incluir na carteira produtos sólidos com esse perfil de investimento
costuma ser uma decisão acertada. Nos EUA, por exemplo, essa indústria supera 40%
do mercado de investimentos.
Já no Brasil, esse segmento está em desenvolvimento e ocupa cerca de 1% do total. O
principal desafio ainda é a educação financeira. Infelizmente, esse perfil de ativo não é
disseminado da maneira que deveria ser, nem mesmo entre os investidores qualificados.
A tendência, porém, é de reversão desse cenário. Cada vez mais deveremos ver a
adoção de técnicas quantitativas no processo de gestão.
Afinal, ainda que o contexto macroeconômico favoreça os aportes em renda fixa, não
podemos perder de vista que a forma mais eficaz de ter sucesso nos investimentos é
priorizar a rentabilidade de longo prazo. E, para isso, um portfólio diversificado e
descorrelacionado, criado com base em modelos quantitativos e sistemáticos de
qualidade, certamente é uma das principais estratégias.

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