Veja quais são as 6 estratégias quantitativas mais usadas atualmente.
Os fundos quantitativos operam diversas estratégias, o comum entre elas é explorar um resultado matemático, o mesmo explorado pelos cassinos. Os algoritmos usados nos fundos quantitativos nada mais são do que a tradução do processo de investimento numa linguagem de máquina. Assim, com auxílios de algoritmos, o fundo quant consegue escalar eficientemente suas operações. Isso é crucial, pois a principal diferença entre um fundo quant para um fundo tradicional é a quantidade de operações e convicção em cada uma delas.
Um fundo quant costuma ter muitas operações e pouca convicção em cada operação em particular. Já um fundo tradicional, quando comparado ao quant, costuma ter poucas operações e muita convicção em cada operação. Sendo assim, enquanto o fundo tradicional conta com a capacidade gerar boas teses de investimento, o quant conta com a matemática, a mesma que faz um cassino ser lucrativo.
Um cassino tem lucro mesmo com apenas uma pequena vantagem em cada jogada individual (basta um 0 na roleta de 36 números). As estratégias quantitativas se baseiam na mesma matemática: mesmo que cada operação gere um pequeno lucro esperado, ao fazer muitas operações, o resultado da estratégia quant como um todo pode ser muito lucrativo. Mas, desenhar e construir bons algoritmos de investimento pode ser tão ou mais desafiador do que produzir boas teses de investimento.
Segundo Paulo Hermanny, responsável pela área de pesquisa quantitativa da Daemon, o capital humano, no fundo quantitativo, é tão importante quanto no fundo tradicional, já que as pessoas são responsáveis por desenhar os algoritmos. “A principal característica do fundo quant é que o processo de investimento e operação é sistematizado e delegado às máquinas. O gestor quantitativo tem seu método e algoritmo criados em uma linguagem de programação e alimentados no computador”, explica Hermanny.
De forma geral, os fundos quantitativos compartilham o método e a sistematização em comum. Dito isso, as estratégias quantitativas mais usadas são:
- ações multifatoriais;
- arbitragem estatística;
- multifatores em futuros (managed futures/CTA);
- global macro quantitativo;
- high-frequency trading;
- machine learning.
Estratégias multifatoriais negociam ativos (ações ou futuros, por exemplo), com base em modelos de fatores, ou seja, modelos que buscam compensação pelo risco de fatores específicos, como o risco de mercado no CAPM. Os modelos de fatores exploram características estatísticas em um universo de ativos, de forma que o risco de cada ativo (seja uma empresa, uma moeda ou um commodity) em si seja pouco relevante.
Já as estratégias baseadas em arbitragem estatística exploram desvios na precificação de ativos em relação a um valor teórico estimado. Pequenos desvios são suficientes, desde que tenham lucro esperado, já que a estratégia busca fazer muitas operações.
Global macro quantitativo denomina as estratégias macro-fundamentadas e operadas de forma sistemática com ativos globais.
As estratégias de high-frequency trading são caracterizadas pelo uso de algoritmos que negociam ativos em alta frequência – como microssegundos ou nanossegundos – baseados em modelos matemáticos.
Por fim, alguns fundos quantitativos usam ainda técnicas de machine learning para identificar padrões nos dados de mercado de forma supervisionada ou não supervisionada e operam em função desses sinais.
Segundo Hermanny, os fundos quantitativos podem ser especializados em um tipo de estratégia ou ser ainda multiestratégia. “Podemos ter um FIA (Fundo de Investimentos em Ações) long-only fatorial, que explora só um fator, como um FIM (Fundo de Investimentos Multimercado) global macro quant, que só opera futuros. Os mais comuns no Brasil são os FIA multifatoriais, FIM de arbitragem e FIM multiestratégia”, esclarece.
A forma que um fundo quantitativo opera vai depender das estratégias definidas. Existem estratégias quantitativas de altíssima frequência (nanossegundo) como de baixíssima frequência (trimestre). As estratégias de alta frequência podem se concentrar em poucos ativos, mas já as de baixa frequência buscam operar em diversos ativos. Seja na quantidade de ativos, seja na quantidade de operações por ativo, as estratégias quant se beneficiam de escala.
Um fundo que tem estratégias em alta frequência, por exemplo, opera a cada nanossegundo e grande parte do investimento em tecnologia é para reduzir a latência das operações, necessitando ser o mais rápido.
Já um FIA multifatoriais pode operar uma vez ao mês ou até mesmo ao trimestre. FIM multiestratégia podem operar uma vez por dia ou algumas vezes por dia. Não existe melhor ou pior, tudo vai depender do tipo e do mandato do fundo.
O Daemon Nous Global, por exemplo, é um fundo multimercado quantitativo multiestratégia, com ênfase em estratégias multifatoriais em ações e futuros globais. Possui diversas estratégias desde long/short em ações como um global macro quantitativo que opera globalmente várias classes de ativos, como por exemplo commodities, juros e moedas. O fundo leva a diversificação ao extremo, seja nas classes de ativos, nos fatores de risco, nas regiões geográficas e nas estratégias. E isso só é possível porque adotamos o método quantitativo.
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